COMO?... NÃO ENTENDI... - CÁSSIA MARIA

Quando comecei a escrever esse blog,em 2010,  talvez tenha omitido um fato que me acompanha há muitos anos e que às vezes não quero me dar conta disso e tento de uma forma ou de outra me passar por “NORMAL”.  

Ah essa palavra!!!  Quem pode ser considerada NORMAL? Mas nós somos, realmente, normais em quê? Somos sim, seres humanos.  Diferentes em tudo.

Concordo com Caetano Veloso: “de perto ninguém é normal”

Tenho uma deficiência auditiva que me acompanha há anos, é algo intrínseco à minha pessoa e que já faz parte de mim.

Lembro-me de uma historinha que dá conta de um sábio que reuniu várias pessoas com problemas e as chamou para jogarem tudo em um poço. Todas foram e jogaram, então o sábio disse: ‘agora vocês podem pegar qualquer outro problema  aí dentro do círculo, é só trocar’. Lá dentro haviam vários e diferentes problemas! Muitas pessoas se entreolharam e pensaram. Por fim, acabaram pegando seu próprio problema de volta“.

Moral da história: cada um lida com o seu próprio problema. É claro que pensamos em trocar  de lugar com outro, mas no final, todos estão na sua luta, e cada um que vê que dá conta da sua!”.  Greize

Dizer que “o surdo tem recursos (…) só não  socializa quem não quiser” é igualar todos os tipos de surdez como um só tipo. E não é bem assim, nem tão fácil assim. Muitas vezes, mesmo com todo o esforço que o deficiente auditivo faz para se comunicar, as pessoas não compreendem a perda auditiva. Elas não têm paciência com as limitações do surdo!” Ana,  otorrinolaringologista 

Deficiência auditiva não é defeito de caráter. Aprendi a viver com essa limitação. A minha deficiência é mais sensorial.  Por conta disso, sou chamada, por “debaixo do pano”, de surda, surdinha,tan tan, doida, desatenta, mas nunca me senti discriminada por isso. No entanto, às vezes a solidão me atinge, em decorrência da falta de uma maior socialização.

Comecei a usar aparelho auditivo com o foco primordial de uma melhora e tratamento com uma fonodióloga, muito legal, e paciente. seu nome Ana Emidia.  Seguindo em frente ....

É difícil tentar superar uma deficiência quando o mundo  sofre preconceito - enfrentamos uma luta constante e diária para uma integração e socialização. Todavia, aprendi também com isso a prestar mais atenção nas atitudes das pessoas, como sempre enfatizo: posso não entender bem as palavras, mas entendo muito bem as atitudes.

Nesse blá, blá todo, seleciono esta frase que vi na internet : “A surdez pode ser uma deficiência física, mas pode também ser uma deficiência provocada, voluntária: CANSEI, NÃO QUERO ESCUTAR MAIS NADA.  APENAS OUVIR COM O CORAÇÃO” .


Beijochocolate